A W3 Sul é uma das avenidas mais tradicionais para o comércio e para a população de Brasília. Com o passar dos anos, a localidade perdeu movimento. Ciente dos problemas, a Fecomércio-DF vem discutindo a revitalização da via há tempos. Mais recentemente, em 2019, com apoio da entidade, o GDF começou obras na avenida – demanda antiga e recorrente do setor produtivo
Foto: Bruna Lima.
Outro ponto bastante discutido para movimentar o local é a questão do fechamento das pistas para trânsito de veículos da altura da Quadra 502 até a 516, exclusivamente para a circulação de pedestres em atividades esportivas e de lazer.
A Câmara de Economia Criativa da Fecomércio-DF, tem participado dos debates, junto com as equipes da Secretaria de Governo e da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação. O presidente da Fecomércio-DF, Francisco Maia, diz que a entidade apoia o projeto, desde que os comércios fiquem abertos para estimular o setor produtivo brasiliense. “As pessoas estão circulando na avenida, que ficava deserta aos finais de semana. Vemos com bons olhos essa ação de retirar os carros e privilegiar os pedestres e as atividades culturais e criativas, mantendo o comércio aberto”, diz Francisco Maia.
O vice-presidente da Câmara de Economia Criativa, Miguel Galvão, que participa das rodadas de conversa com o GDF, reforça que há um eixo de recuperação do logradouro público. Segundo ele, manter a avenida aberta para pedestres nos finais de semana estimula as atividades físicas e o contato com o comércio, e por consequência, existe uma redescoberta por parte da população com o local. “Agora, já estamos discutindo ações mais conceituais e profundas: como entender quais segmentos de negócio precisam ser estimulados a ir para W3, o que fazer com as bancas de revistas, como padronizar os quiosques já instalados, desenvolver políticas fiscais, mapear quais imóveis de propriedade do GDF e Governo Federal estão subutilizados e podem dar espaço a novos negócios. Se conseguirmos tirar do papel dois terços dessas ações, já será um respiro e tanto, podem apostar”, destaca Miguel.
Para o presidente da Câmara de Economia Criativa, Pedro Affonso, a ideia de liberar o espaço para a prática de atividades deixa o local mais amigável, além de incrementar o fluxo de pessoas na avenida “Acaba-se criando uma sensação de redescoberta, por parte da população. Com isso, também se cria um fator agregador para a economia. A ocupação, de forma criativa, é uma importante estratégia de revitalização. Trazer pessoas gera uma nova dinâmica, que pode mudar o cenário da localidade”, informa Pedro. “A Câmara, por meio do Miguel, está dialogando com o governo para elaborar alternativas com o intuito de melhorar a W3: com equilíbrio entre a cultura, o comércio e a população”, finaliza.
Maria Tereza Moulaz é proprietária do Mercado do Café, que fica na 509 Sul e viu na reestruturação da W3 uma oportunidade de cativar mais público. Antes da abertura da avenida aos domingos para pedestres, o café funcionava de segunda-feira a sábado, mas tiveram que mudar a agenda por causa da novidade. “Agora com a abertura para pedestre aos domingos, nossa casa se tornou um atrativo para as pessoas da vizinhança. Quando as pessoas nos visitam durante a semana, elas apreciam o lugar com mais pressa. Aos domingos, elas aproveitam de fato a casa. Tem sido mais especial. Hoje vemos famílias caminhando, compartilhando um momento de lazer. Essa abertura trouxe vida para a avenida, as pessoas param na porta e dão bom dia, existe mais proximidade com as pessoas”, conta. O estabelecimento criou até um menu especial para os domingos.
Corredor cultural
A Fecomércio-DF criou um projeto para elaborar um corredor cultural que vai da 504 Sul, na sede do Sesc, até a 508 Sul. “Teremos feira de gastronomia, artesanato, feira de produtos agrícolas e apresentação de bandas. Tudo isso com o intuito de o brasiliense voltar a ter uma intimidade com a avenida e com o comércio local. Estamos discutindo esse projeto desde o começo do ano, ainda não foi implantado por causa da pandemia, mas já está bem avançado”, informa Francisco Maia. A sede do Sesc, da 504 Sul, também receberá uma reforma para melhor atender a população.
Além da reforma por completo da instalação, a sede ganhará um café literário. De acordo com a diretora de programas sociais do Sesc-DF, Nina Fontes, as obras devem começar até o final do ano. “Vai ser um ambiente muito bonito. Queremos ser referência em Brasília para quando a população quiser tomar um café de qualidade. Também queremos promover a cultura do local para a população neste espaço da W3 Sul”, explica Nina.
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