Professor de Ciências Econômicas do Centro Universitário IESB acredita que o segredo é o planejamento
Os gastos dos primeiros meses do ano costumam pesar no bolso dos brasileiros. O IPTU, o IPVA, a compra de materiais escolares, as matrículas dos filhos em colégios e outras despesas apertam o orçamento de muitas famílias. No início de 2021, o cenário tende a ser pior. De acordo com o Ministério da Economia, no primeiro semestre de 2020, o Brasil fechou cerca de 1,2 milhão de postos de trabalho. Na mesma linha, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego chegou a 14,6% no terceiro trimestre do ano passado. O total de desempregados no país é estimado em 14,1 milhões de pessoas. Foi o pior resultado na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo IBGE.
A partir disso, o professor de Ciências Econômicas do Centro Universitário IESB, Luis Guilherme Alho, alerta que a instabilidade na economia deve perdurar por mais tempo e o índice de desemprego pode aumentar. Por isso, quem teve a renda comprometida deve cortar todos os gastos que não são essenciais. "O principal é economizar o máximo possível para estender o uso do seguro desemprego ou os recursos da rescisão. Alguns cortes robustos podem ser necessários, mantendo apenas o que for obrigatório e que possa ser direcionado a uma busca por complementação de renda ou por um novo emprego”, comenta Alho.
A falta de planejamento
Fora a crise econômica instaurada, a falta de planejamento financeiro também é prejudicial. Uma pesquisa realizada em 2018 pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) apontou que quase 90% dos brasileiros não fazem um planejamento financeiro para arcar com as despesas de início do ano. Por isso, Luis Guilherme Alho, explica que o segredo é a organização. “É muito importante se adaptar a esse contexto de aumento de gastos pontuais, evitando comprometer demais o orçamento. As famílias podem se antecipar em relação a eventuais gastos que virão ou que já estão aí. Além disso, desde já, logo em janeiro, também é interessante se programar para todo o ano”, afirmou o professor.
Devido à falta de planejamento muitas pessoas acabam recorrendo a empréstimos bancários, comprometendo ainda mais o orçamento. Segundo levantamento feito pelo Bom Pra Crédito, um "marketplace" de crédito online, a demanda por empréstimos no primeiro trimestre de cada ano costuma ser 20% maior que a média dos três trimestres anteriores. Para o professor, a dica é pensar a longo prazo. “Devemos evitar novas dívidas, principalmente, para os que já estão apertados. O eventual custo com juros ou com empréstimos, pode apertar ainda mais e por mais tempo. Não gaste todo décimo terceiro, não gaste todo o salário de janeiro, guarde o que puder. No contexto de pandemia, é ainda mais necessário se precaver e manter uma reserva”, acredita Luis.
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