Gerido pela Associação da Arquidiocese de Brasília, a Cáritas, Projeto Warao, em curso há três meses em Brasília, busca acolher e levar acesso aos direitos básicos para refugiados.



“O desafio é grande; mas, a ação faz-se necessária para ofertar acolhimento, em condições específicas, aos  indígenas que chegaram à nossa cidade bem debilitados”. É o que narra o diretor da iniciativa, Pe. Carlinhos, ao explicar que, atendendo o pedido do governador, Ibaneis Rocha,  a Cáritas Brasília de pronto reverteu área cedida à Arquidiocese no Núcleo Rural Campão Cumprido,  em unidade de atendimento para atender temporariamente os indígenas venezuelanos refugiados. 

Tratam-se de famílias que foram acompanhadas pela Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal (SEDES), por meio das equipes do Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) e do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI)  do CREAS da Diversidade.

Embora realizadas tentativas de encaminhamento para unidades de acolhimento e de diálogo, assim como em outros casos de imigrantes, a realidade dos indígenas da etnia Warao mostrou-se complexa, visto que há necessidades bem específicas. Tais como      espaço de  convívio exclusivo para essa comunidade, manutenção do grupo e atendimento às demandas culturais, a fim de que não haja  desagregação ou separação; também contato com a terra para ritos e dormitórios com redes.
 
BRASÍLIA NO FLUXO MIGRATÓRIO

O Distrito Federal entrou no fluxo migratório dessas famílias em busca de refúgio. Até agosto de 2021, já foram identificadas 42 delas, com 153 membros ao todo. Desde junho de 2020, por conta da pandemia de Covid-19, houve agravamento da situação, que agora é emergencial e caso de saúde pública. 

A ideia do Projeto Warao, da Cáritas Brasília, é garantir a manutenção das tradições culturais e oferecer abrigo, alimentação, higiene, documentação, escolas e saúde. Tudo para que os refugiados sejam assistidos até que a integração com sociedade local seja possível. Vale destacar que não se trata de mero assistencialismo, mas promoção das condições básicas para que os grupos de imigrantes alcancem autonomia. 

“Aqui, contamos com equipe multidisciplinar de gestão com psicólogos, psicopedagogas, intérpretes, assistentes sociais, pessoal de apoio à cozinha e limpeza, entre outros. Tudo para dar o primeiro acolhimento aos que chegam e precisam de  apoio para se restabelecerem”, explica o coordenador do projeto, Paulo Henrique de Morais.  



ENTIDADE MANTENDO TRABALHO GRAÇAS AOS APOIADORES

Para que o projeto funcionasse nos últimos três meses, o deputado Distrital, João Cardoso, destinou emenda parlamentar. A utilização desse recurso é acompanhada de perto pelo próprio deputado,  que esteve na base de acolhimento no 16 de março   para finalizar a execução do projeto. 

O deputado aproveitou o ensejo para conversar com os assistidos e gestores. Ele também visitou além as instalações, que estão prontas para acolher até 156 pessoas, mas, por conta da urgência, abriga 191 neste momento. 

“Para bem atender os que chegam ao DF, precisamos de sensibilidade para ouvir as histórias de cada um.  Porque, antes da grande crise  na Venezuela, esses indivíduos    viviam naquele país. Então, cabe-nos buscar entendimento a respeito da cultura deles e meios de ajudá-los”, declarou João Cardoso. “Ficamos gratos com a oportunidade de ajudar. Mas também sensibilizados com a realidade de tanta gente, que sofre quando o egoísmo e a política estão aliados. Isso, infelizmente, acontece num país vizinho ao nosso”. 

O parlamentar  terminou falando que nova emenda será encaminhada para a continuidade do projeto e que convidará outros distritais para conhecê-lo, a fim de que esses também possam colaborar. 

PROJETO PIONEIRO NO DF

O atendimento socioassistencial ao povo Warao é inédito no Distrito Federal. Ele apresenta novas demandas, que precisam ser resolvidas pelo poder público e pela sociedade civil organizada por meio de políticas públicas para garantir  emprego, moradia, saúde, segurança e educação para grupos de imigrantes.

O projeto foi iniciado em dezembro de 2021 nas instalações do Centro Para o Bem Viver - Raios de Luz, da Cáritas Arquidiocesana de Brasília, situado  na Região Administrativa de São Sebastião (DF).

Interessados em colaborar com a iniciativa da Caritas Brasília ou obter mais informações podem entrar em contato por meio do telefone +55 (61) 3521-0350 ou e-mail caritas@caritas.org.br