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Segmento pode ser promessa de dias melhores para setor automotivo, afetado pela pandemia; mercado precisa estar preparado para a revolução energética, diz especialista

Desde os primeiros meses da pandemia de covid-19, o setor de automóveis passou mais de dois anos mergulhado em um período de perdas e incertezas. Mas, embora a queda no número de vendas de veículos convencionais, um novo segmento do mercado começa a trazer esperança de dias melhores. Ao longo do primeiro semestre de 2022, foram emplacados 23.563 veículos elétricos, representando uma alta de 34,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) e Fenabrave. 

Quando os dados analisados são mundiais, o salto é ainda maior: 63% mais veículos elétricos ganharam as ruas entre janeiro e junho deste ano. De acordo com a ABVE, em julho o volume de carros eletrificados no Brasil superou os 100 mil. Apesar de ainda tímido, o setor de veículos elétricos é uma promessa prestes a ser cumprida. Em alguns países, como a Noruega por exemplo, quase todos os carros vendidos já são movidos a eletricidade. 

Para Cristiano Dantas, diretor comercial da Tecnobank, empresa nacional especializada em tecnologia para registro de contratos de financiamento, pode-se esperar um crescimento cada vez mais intenso desse tipo de automóvel. "Além de trazer economia com combustível, o carro elétrico também tem manutenção com valor médio equivalente aos valores dos demais veículos não elétricos, além de contribuir com a preservação do meio ambiente. Hoje, o custo do veículo em si ainda é um pouco alto para os padrões brasileiros, mas isso tende a mudar conforme os modelos se popularizarem”, analisa.

Estímulos podem facilitar financiamento

A troca dos veículos a combustão por modelos híbridos ou elétricos é uma das formas de reduzir a poluição gerada pela locomoção de milhares de pessoas, todos os dias. Por isso, essa mudança está na pauta de boa parte dos países. Um estudo do Conselho Internacional de Transporte Limpo aponta que um veículo elétrico com bateria de tamanho médio emite, ao longo da sua vida útil, entre 60% e 68% menos carbono na comparação com um motor de combustão interna. E a tendência é que esse valor aumente à medida em que mais eletricidade renovável seja usada em toda a cadeia de produção do veículo - da fabricação ao descarte e reaproveitamento dos componentes. 

Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP 26), realizada em novembro do ano passado, na Escócia, 30 países e seis fabricantes de automóveis assinaram um acordo para encerrar as vendas de veículos a combustão a partir de 2035. Ou seja, o preço desses veículos usados também tende a despencar com o passar dos anos.

Incentivos e benefícios podem ser fundamentais para que os consumidores também passem a dar preferência para modelos menos poluentes. No Brasil, em julho de 2022, o Banco do Brasil anunciou a redução da taxa de financiamento para veículos híbridos e elétricos. Dantas lembra que esse tipo de iniciativa, partindo do mercado, costuma ser um bom catalisador para mudanças no consumo. “É claro que os compradores precisam se conscientizar, mas, enquanto o veículo eletrificado não oferecer vantagens financeiras imediatas, será difícil bater as vendas dos veículos convencionais. A partir do momento em que financiar um carro elétrico for mais barato, poderemos ver mudanças significativas no comportamento do consumidor brasileiro”, enfatiza. Os veículos 100% elétricos mais baratos no Brasil variam entre R$ 140 mil a R$ 290 mil.

Oportunidades

No mercado brasileiro, a participação do carro elétrico é de apenas 2%, o que significa uma grande oportunidade de crescimento em um mercado em expansão. A começar pelas baterias "Atualmente, a maioria dos veículos elétricos é feita com baterias de lítio, matéria prima encontrada principalmente na Ásia, especialmente na China, que detém 80% do refino do material", analisa Dantas.

Outro ponto de investimento são as estações de carregamento. O Brasil possui hoje pouco mais de 1.200 postos de recarga, segundo a ABVE, sendo que São Paulo concentra 47% do total. Os consumidores que optam pelo carregamento do carro elétrico em casa esbarram com dificuldades como o custo da energia e problemas estruturais das residências e condomínios.

Para instalar uma estação de recarga rápida de carro elétrico, um posto de combustíveis pode gastar até R$ 500 mil. Como a recarga é feita atualmente de forma gratuita na maioria dos postos, ainda não é um negócio rentável a curto prazo. 

 

Sobre a Tecnobank

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