Para José Roberto Colnaghi, a iniciativa deve reduzir gargalos e melhorar competitividade dos produtos brasileiros
O governo federal acaba de anunciar uma proposta abrangente para investimentos em infraestrutura para o agronegócio por meio do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), ou PAC 3, com foco em sustentabilidade, logística e pesquisa, o que deve beneficiar diretamente o agronegócio. Ao todo, serão R$ 1,7 trilhão para promoção do crescimento econômico, sendo R$ 371 bilhões em investimentos públicos do Orçamento da União até 2026. Diferentemente das versões anteriores do PAC, agora, o restante, aproximadamente 70% do valor total, virá de concessões, parcerias público-privadas federais e de empresas estatais.
No que tange ao agronegócio e à logística inerente ao setor, serão investidos R$ 185,8 bilhões em rodovias, R$ 94,2 bilhões em ferrovias e outros R$ 54,8 bilhões em portos, o que impulsionará o deslocamento da produção agropecuária para exportação, garantindo ainda mais competitividade aos produtos brasileiros da agropecuária destinados ao mercado internacional. Também está previsto investimento de R$ 1 bilhão para a pesquisa no setor por meio da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
José Roberto Colnaghi | Asperbras Brasil |
Na avaliação de José Roberto Colnaghi, presidente do Conselho de Administração da Asperbras, grupo que atua em diversos setores da indústria e do agronegócio, houve acerto em focar no fortalecimento logístico da agropecuária, bem como no estímulo à pesquisa e qualificação profissional dos trabalhadores do campo. “É muito promissor ver iniciativas como essa, que fortalecem este setor tão importante para a economia brasileira, justamente nos gargalos produtivos”, pontua Colnaghi.
O governo, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), anunciou recursos para a construção, manutenção e a recuperação de estradas vicinais e para ferrovias. Exemplos da ampliação da malha ferroviária são a Transnordestina, que liga o porto de Pecém, no Ceará, até o interior de Piauí, e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que vai conectar o futuro porto de Ilhéus, no litoral baiano, a Figueirópolis, em Tocantins.
“Vale lembrar ainda a importância da Ferrogrão”, ressalta José Roberto Colnaghi. A nova malha ferroviária deverá escoar produtos como milho e soja diretamente do Mato Grosso ao Pará, mas demanda ainda a retomada da análise dos estudos da obra que, pelos cálculos disponíveis, deverá ter 933 km de extensão e ainda não foi iniciada.
Situado no meio do trajeto da ferrovia, o Parque Nacional Jamanxim precisaria ter sua área alterada para que a ferrovia possa ser feita. Após determinação do STF (Supremo Tribunal Federal) o Cesal (Centro de Soluções Alternativas de Litígios), órgão do Supremo, deverá apresentar sugestões para a solução do caso.
Além da sinalização de linhas de financiamento diretas ao agronegócio, outros investimentos do PAC impactam indiretamente o setor. Na opinião de José Roberto Colnaghi, destacam-se, entre eles, os recursos destinados à qualificação de mão de obra, por meio da educação. “Qualificação profissional é outro vetor muito importante para melhorar a competitividade do Brasil”, reforça Colnaghi.
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