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Andréia Malaquias*
A diversidade no mercado de trabalho é um tema de crescente relevância nas discussões corporativas e sociais. A inclusão de diferentes perspectivas culturais, de gênero, etárias e raciais promove um ambiente de trabalho mais justo e traz benefícios tangíveis para as empresas. No entanto, a ascensão de minorias a cargos de liderança ainda enfrenta barreiras significativas. E, quando falamos em diversidade, o país tem um cenário amplo. As mulheres, por exemplo, são maioria de acordo com o Censo de 2022, e representam 51,5% da população.
Entretanto, nem as mulheres nem as pessoas não brancas, nem os LGBTQIA+ e muito menos os PCDs, estão devidamente representados em determinados nichos da sociedade brasileira, como o mercado de trabalho. Seja nas grandes corporações, seja nos pequenos negócios, ainda prevalece um perfil de trabalhador que é branco, homem, cisgênero, heterossexual e sem deficiências. Então, onde as pessoas pertencentes a grupos minorizados são alocadas? Quais são seus cargos, suas remunerações, sua visibilidade no mercado, sua relevância estratégica para tomadas de decisão? Precisamos, o quanto antes, começar a olhar para esse cenário e promover um ambiente muito mais inclusivo e plural nas organizações.
O mesmo Censo de 2022 aponta que, enquanto 55,8% da população brasileira se autodeclaram negros (pretos e pardos), sabemos que os cargos de liderança passam muito longe dessa margem. E o recorte de gênero não é muito melhor. Um estudo da Consultoria Bain & Company revelou que as mulheres ocupam apenas 37% dos cargos de gestão no Brasil. Tudo isso mostra um imenso descompasso entre a composição demográfica brasileira e as oportunidades de trabalho recebidas pela população.
Outra pesquisa, desta vez realizada pela Talenses e Insper em 2021, destacou que 64% dos profissionais LGBTQIA+ afirmaram ter enfrentado discriminação no ambiente de trabalho. As mulheres também são frequentemente alvo de preconceito. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas de 2020 demonstrou que 53% delas já sofreram algum tipo de discriminação de gênero em suas carreiras.
Não se trata apenas de justiça social, mas de uma estratégia de negócios que não pode ser substituída por nenhuma outra. Afinal, uma gestão sustentável é a única que traz resultados a longo prazo, considerando aspectos como sociedade, meio ambiente e governança. São resultados positivos para todos os grupos de interesse. Uma série de estudos, pesquisas e levantamentos demonstra que organizações mais diversas têm melhor desempenho em suas áreas de atuação. Um relatório da McKinsey & Company de 2020 constatou que empresas no quartil superior em diversidade étnica e racial são 36% mais propensas a obter retornos financeiros acima da média. Se o recorte for a diversidade de gênero, essas empresas têm 25% mais chances de lucrar mais que a concorrência.
No exterior, um dos atrativos do Brasil é justamente essa profusão e diversidade cultural. Por que seria diferente no universo corporativo? Empresas mais diversas promovem ambientes de trabalho mais inovadores e criativos. A resolução de problemas é mais eficaz quando gerida por equipes compostas por pessoas com diferentes origens. Segundo a Harvard Business Review, empresas que valorizam a diversidade cultural e étnica têm 45% mais chances de aumentar o marketshare e são 70% mais propensas a capturar novos mercados.
Tornar os ambientes corporativos mais inclusivos e diversos é um desafio que precisa começar a ser enfrentado já no recrutamento, garantindo que candidatos de diferentes características sejam considerados. Depois, programas de mentoria para apoiar o crescimento profissional de negros, mulheres, pessoas com deficiência e LGBTQIA+ são boas formas de assegurar a formação de lideranças mais inclusivas, gerando vínculos de pertencimento. Criar comitês de diversidade, oferecer regularmente sensibilizações e conscientizações sobre o tema para os colaboradores, implementar políticas de igualdade salarial e garantir a acessibilidade no ambiente de trabalho completam as estratégias para isso.
No século XXI, é indispensável que as organizações reconheçam a importância da pluralidade e invistam em ações concretas para promovê-la. Aquelas que seguirem essa premissa estarão, sem dúvida, à frente das demais.
*Andréia Malaquias é especialista em Desenvolvimento Humano Organizacional e responsável pelo Programa de Diversidade da Tecnobank, empresa com 96% de satisfação dos colaboradores, por quatro anos consecutivos no Ranking GPTW entre as Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil.
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