Jovens profissionais enfrentam desafios de saúde mental em um ambiente digital acelerado; especialista destaca a necessidade de ações estratégicas no mercado de trabalho 

Nos últimos anos, a Geração Z se destacou no mercado de trabalho, com habilidades únicas e maior familiaridade na tecnologia. Entretanto, estudos apontam que essa geração é a mais ansiosa, estressada e deprimida. De acordo com a pesquisa bem-estar 2022 da Betterfly, aponta que 60% dos profissionais da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) relataram sintomas de exaustão e burnout no ambiente de trabalho. Os millennials (nascidos entre 1981 e 1995) também demonstram uma vulnerabilidade significativa, com 57% desses profissionais reportando os mesmos sintomas. Em um ambiente de constante conexão e ritmo acelerado, os jovens profissionais enfrentam uma pressão que resulta em impactos significativos na saúde.

A psicóloga Denise Milk, especialista em saúde mental no ambiente corporativo, aborda que o fenômeno da "infoxicação", que está ligado pelo excesso de informações, é um dos principais fatores que pode contribuir negativamente para o adoecimento emocional dos jovens que tem essa tendência. "O excesso de informações impede o aprofundamento das questões, gerando desinteresse e promovendo relações superficiais", explica. Além disso, a busca por visualização nas redes sociais intensifica os sintomas de ansiedade e depressão, características acentuadas da Geração Z no ambiente de trabalho.

Para enfrentar o impacto crescente do estresse diário e da ansiedade entre os jovens no mercado de trabalho, as empresas precisam adotar estratégias mais assertivas. "É essencial conhecer profundamente esses profissionais, identificar suas forças e fraquezas, e direcionar atividades que estejam alinhadas aos seus talentos", afirma Denise. A psicóloga também enfatiza a importância de uma liderança presente e educativa. "Um líder que acompanha e orienta de forma construtiva pode contribuir significativamente para o desenvolvimento e a motivação dos jovens, evitando que se sintam estagnados", acrescenta.

A sobrecarga provocada pelo uso intensivo de plataformas digitais, ferramentas tecnológicas e a constante exposição a um volume excessivo de informações tem contribuído diretamente para o aumento de casos de burnout, ansiedade e depressão entre os colaboradores. Diante desse cenário, é imprescindível que a saúde mental desses profissionais seja tratada com a devida atenção para preservar o bem-estar, a motivação, o desempenho e a produtividade das equipes. "Quanto mais digital se torna o ambiente de trabalho, maior deve ser o cuidado com o emocional", alerta Denise.

Para a psicóloga, a saúde mental vai além da simples ausência de doenças e deve ser entendida como um estado de bem-estar que permite ao indivíduo se recuperar do desgaste diário. "As políticas públicas e corporativas precisam garantir que os ambientes de trabalho ofereçam os recursos necessários para que os jovens profissionais possam desempenhar suas funções sem comprometer sua saúde mental", argumenta.

Segundo Denise Milk, a Geração Z trouxe à tona a necessidade urgente de um olhar mais atento à saúde mental, não apenas para si próprio, mas também para as gerações anteriores. "Estamos vivendo uma epidemia global de doenças mentais, com o Brasil liderando o ranking de países mais ansiosos do mundo. Esse alerta é um sinal claro de que é preciso investir em saúde mental, tanto para garantir a produtividade quanto para assegurar um futuro mais saudável para todos", conclui.